sexta-feira, 23 de outubro de 2009

A independencia de cada um

Quantos anos a gente leva para se tornar independente? Alguns atravessam a vida sem realizar esta que, para mim, é a conquista mais importante do ser humano. Não importa a idade da pessoa, se é casado ou solteiro, empregado ou patrão: falto da independência de quem se sustenta por dentro, uma independencia de atitude.
Antes de mais nada, é preciso ganhar seu próprio dinheiro. Mesmo que você tenha a sorte de somá-lo com o salário do seu cônjuge, ou das pessoas da sua família, é fundamental saber que, aconteça o que acontecer, a sua parte segura a sua fome.
Independência emocional é o segundo passo. Você tem que estar preparado para morar sozinho se assim a vida lhe exigir. Tem que estar preparado para compartilhar o teto com outra pessoa sem cobrar dela adesão total de suas idéias e nem impor as suas. Tem que estar preparado para viver longe de seus pais, seja porque eles foram para outra cidade, seja porque você foi, seja porque todos se foram. Tem que estar preparado para amar sem ser amado, para ser despedido injustamente, para perder um amigo querido, para ver seus ideais sumirem com o tempo. Claro que você vai sofrer. Ser independente não é ser de ferro. É saber sair das situações com uma força inesperada.
Independência é aceitar a si mesmo antes da aprovação alheia. É defender a própria verdade e ter humildade para mudar de opinião caso seja surpreendido por melhores argumentos. Ser independente é preferir ir ao cinema com alguém, mas não perder o filme por fata de companhia. É vibrar quando lhe abrem um champanhe, mas não deixar de comemorar sozinho se a sua alegria basta para o brinde. Ser independente é fazer tudo o que se gosta junto de quem mais se gosta, incluindo a si mesmo.

Amor e perseguição

"As pessoas ficam procurando o amor como solução para todos os seus problemas quando, na realidade, o amor é a recompensa por voce ter resolvido os seus problemas. Norman Mailer
Copiem. Decorem. Aprendam.
Temos a mania de achar que amor é algo que se busca. Buscamos o amor nos bares, buscamos o amor na internet, buscamos o amor na parada de onibus. Como um jogo de esconde-esconde, procuramos pelo amor que esá oculto dentro das boates, nas salas de aula, nas platéias dos teatros. ele certamente está por ali, voce quase pode sentir seu cheiro, precisa apenas descobri-lo e agarrá-lo o mais rapido possivel, pois só o amor constrói, só o amor salva, só o amor traz felicidade.
Amor não é medicamento. Se você está deprimido, histérico ou ansioso demair, o amor não aproximará, e, caso o faça, vai frustrar sua expectativa, porque o amor quer recebido com saúde e leveza, ele não suporta a idéia de ser ingerido de quatro em quatro horas, como um antibiótico para combater as bastérias da solidão e da falta de auto-estima. Você já ouviu algumas vezes alguèm dizer "quando eu menos esperava, quando eu havia desistido de procurar, o amor apareceu". Claro, o amor não é bobo, quer ser bem tratado, por isso escolhe as pessoas que, antes de tudo, tratam bem de si mesmas.
O amor ao contrário do que se pensam, não que vir antes de tudo: antes de estabilizar a carreira profissional, antes de viajar pelo mundo, de curtir a vida. Ele não é garantia de que, a partir do seu surgimento, tudo o mais dará certo. Queremos o amor como pré-requisito para o sucesso nos outros setores, quando, na verdade, o amor espera primeiro você ser feliz para só então surgir diante de você sem máscara e sem fantasia. É esta a condição. É pegar ou largar.
Para quem acha que isso é chantagem, arrisco sair em defesa do amor: ser feliz é uma exigencia razoável e não é tarefa complicada. Felizes são aqueles que aprendem a administrar seus conflitos, que aceitam suas oscilações de humor, que dão o melhor de si e não se autoflagelam por causa dos erros que cometem. Felicidade é serenidade. Não tem nada a ver com piscinas, carros e muito menos com principes encantados. O amor é prêmio para quem relaxa."

Martha Medeiros

sábado, 18 de julho de 2009

Sessão de Sábado


“Quem quer ser um milionário”, o filme de Danny Boyle, realmente mereceu cada Oscar recebido. É excelente. Super bem produzido, apesar de ter sido barato. Bonito, mesmo falando de miséria. Inteligente, sem ser chato. Na minha modesta opinião, tudo isso só foi possível devido a uma razão muito simples: a idéia é muito boa. Claro, antes de existir um roteiro, todo filme deveria ter um argumento, uma amarração, um conceito, um porquê. E esse tinha um argumento nota 10. Além de contar a realidade na Índia com uma fotografia muito bacana, monta um carrossel de situações pra mostrar algo que sempre me deixou intrigada: a certeza de que tudo que precisamos saber, a vida acaba dando um jeito de nos ensinar. No filme, um menino pobre e analfabeto consegue acertar todas as perguntas de um programa de TV que pode deixar o ganhador milionário. O protagonista nunca estudou ou se preparou para isso, mas cada resposta lhe foi dada ao longo da vida. A cada pergunta, era preciso apenas lembrar e resgatá-la na sua própria história. É claro que isto seria quase impossível de acontecer na vida real. Mas assistir ao filme me deixou pensando em como a gente presta pouca atenção nas pessoas que passam pela nossa vida, nas lições que podemos aprender com cada dificuldade, com cada desafio...Você pode chamar de destino, sincronicidade ou poder interior. Seja qual for a razão: astrológica, lógica ou espiritual, “Quem quer ser um milionário” manda um recado bem claro: abra os olhos, limpe bem os ouvidos, porque a vida sempre nos dá as respostas das quais necessitamos. E você nem precisa ser alfabetizado para descobri-las. Afinal, o importante é saber ler nas entrelinhas.

Não quero luxo nem lixo quero saude pra gozar no final


Pra muita gente, luxo pode ser um grande privilégio, ser dono de uma lancha de 30 pés, frequentar um Spa 5 estrelas, fazer um cruzeiro pra Grécia, ter um Porsche ou morar em uma cobertura de mil metros quadrados. Ok, ótimo! Mas isso tudo são luxos que o dinheiro pode comprar. Mas e aqueles luxos intransferíveis, exclusivos, divinos e verdadeiramente impagáveis? Particularmente são os que mais me seduzem


Luxo é amar e ser correspondido.

Luxo é fazer uma viagem linda e morrer de saudade da família.

Luxo é gozar de saúde e bom humor aos 80 anos.

Luxo é ter amigos que te falam a verdade.

Luxo é sentir tesão e amor pela mesma pessoa, por anos a fio.

Luxo é ser respeitado pelas suas ideias.

Luxo é ter a natureza como vizinha.

Luxo é se divertir trabalhando.

Luxo é realizar sonhos de infância.

Luxo é continuar sonhando, apesar de ter crescido.

Luxo é comer fruta do pé.

Luxo é não ter muro ao redor de casa.

Luxo é ter paz de espírito, apesar do caos.

Luxo é saber separar tudo isso do supérfluo que o mundo insiste em nos vender bem caro.

sábado, 4 de abril de 2009

Paixão x Amor


A paixão é dependência física, o nervosismo de não saber diferenciar se realmente se quer aquilo ou não se sabe viver sem.

Acredito que a paixão não leva ao amor, leva a paixão simplesmente. É um caminho sem volta.

Ela descaracteriza, é uma despersonalização. A paixão desemboca no anonimato, na mais completa estranheza.

O amor é desde o princípio um escolha uma confirmação.

No amor escolhemos.

Na paixão, somos levados.

O amor tem uma consciência louca do futuro, de fazer passado com o futuro.

A paixão vive fora do tempo.

O amor vive no tempo porque deixa rastros.

Paixão se esquece, e o amor nem enterrado acaba.

terça-feira, 17 de março de 2009

Texto da super-cronista Martha Medeiros


Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso é possível, me ofereço como piloto de testes.

Sou a Miss Imperfeita, muito prazer.

Uma imperfeita que faz tudo o que precisa fazer, como boa profissional: trabalho todos os dias, ganho minha grana, namoro, vou ao cinema, pago minhas contas, faço revisões no dentista, mamografia, caminho meia hora diariamente, compro flores para casa, providencio os consertos domésticos, faço escova toda semana - e as unhas! E, entre uma coisa e outra, leio livros.

Portanto, sou ocupada, mas não uma workaholic. Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas que operam milagres. Primeiro: a dizer NÃO. Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO. Culpa por nada, aliás.

Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero. Pois inclua na sua lista a Culpa Zero.

Quando você nasceu, nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lhe apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo para os outros.

Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho.

Você não é Nossa Senhora.Você é, humildemente, uma mulher. E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante. Porque vida interessante não é ter a agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é topar qualquer projeto por dinheiro, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável.

É ter tempo.Tempo para fazer nada. Tempo para fazer tudo. Tempo para dançar sozinha na sala. Tempo para bisbilhotar uma loja de discos. Tempo para sumir dois dias com seu amor. Três dias. Cinco dias! Tempo para uma massagem. Tempo para ver a novela. Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza. Tempo para fazer um trabalho voluntário.Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto.Tempo para conhecer outras pessoas. Voltar a estudar. Para engravidar. Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado. Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir.Porque nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal. Existir, a que será que se destina? Destina-se a ter o tempo a favor, e não contra.

A mulher moderna anda muito antiga. Acredita que, se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada. Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem. Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si. Se o trabalho é um pedação de sua vida, ótimo! Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente. Mulher que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir.Desde que lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela. Desacelerar tem um custo.Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe Starck e o batom da M.A.C. Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente, está precisando rever seus valores. E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante'.

Martha Medeiros - Jornalista e escritora

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Supermercado ou SuperEstresse


Há dias em que eu realmente gosto de passear entre as prateleiras só para constatar que no fim, levo sempre os mesmos produtos, cada vez mais caros, mas valeu o passeio, deu para pensar um pouco na vida, ver que a inflação só não sobe nos índices do governo, blábláblá.

Mas se você dá o azar de não pensar antes de ir, ou de não ter escolha e precisar estar no supermercado no mesmo dia e horário em que todas as famílias da cidade resolveram fazer o mesmo, tipo domingo de tarde ou sexta-feira às 18h...

Ai, ai.Primeiro, que é quase certo haver uma ugly people's convention. Mas tudo bem. Os feios também amam e fazem compras e eu não sou exatamente a Angelina Jolie. Ah, se fosse só isso...

Mas tem o festival de crianças correndo enlouquecidas pelos corredores, enquanto as mães viram estátua e só pensam se realmente levam o iogurte da mini-cria do demo que puseram no mundo ou se passam na seção dos vinhos e bebem todas para esquecer a vida e suas misérias, ter que ir às compras com os filhos entre elas. Depois, é a vez de encarar aquelas tias imensas e lentas, que se encontram bem na frente da seção das massas importadas que você compra, mas elas não, onde pararam para falar mal daquela vizinha que, ao contrário delas, conseguiu ir no supermercado sem parar para assediar tudo quanto é moça oferecendo degustação grátis e por isso emagreceu 10kg. Como é que pode? Deve estar tomando baga, só pode! E o marido, então? Já deve estar tomando uns cornos.Você decide deixar as massas por último e lembra de dar um pulo na seção de hortifrutis, que hoje está em promoção. Só que fica difícil escolher um tomate decente quando há aquele tio de óculos na ponta do nariz procurando o Tomate do Ano, aquele que está no meio da pilha que já começa a cair e te faz correr para a padaria porque as frutas também já estão tomadas por outros velhinhos perfeccionistas que não vão te deixar chegar perto nem da mais feia das mangas...Só que se o supermercado é a ante-sala do inferno, a padaria é o próprio. Talvez o açougue também, mas desta seção eu simplesmente não passo nem perto, nunca. Então você chega na padaria e tem a senha para a fila dos pães e a senha para a fila dos lanches. Como você só quer um pão de queijo para matar a fome e continuar a saga das compras, pega a senha do lanche.Como nada é simples assim, a tia que queria 14 pães de trigo, 5 sonhos e 12 pães de cachorro quente também achou que isso tudo era lanche e, claro, tem a senha logo antes da sua. E quando você, que só queria uma única unidade de pão de queijo, depois de esperar os 5 imbecis que não sabem se comem o empanado de frango ou o pastel de queijo ou se tomam um suco de laranja ou compram uma fanta uva, descobre estarrecida que ainda tem que aturar a tia dos muitos netos bater boca com o atendente porque pegou a senha errada, sente uma pressão no peito.Então você olha sua lista "tomates, massa integral, alho, suco, absorvente, vinho", vê que nada daquilo está na cesta, sai da fila desejando que a tal tia engasgue com tanto pão e vai praguejando em direção à seção dos absorventes. Mas você já está naquela época do mês em que os hormônios estão bombando e você é qualquer coisa, menos uma mulher decidida. E escolher um absorvente vira tarefa impossível já que há os com aba, sem aba, diurnos, noturnos, internos, com cheiro, sem cheiro, para neutralizar cheiros, com cobertura sempre seca (e sempre assada) ou suave, gigantes, minúsculos, para fluxo intenso, médio ou muito pouco. E tudo isso em quatro marcas diferentes. Bom, podia ser pior, você poderia precisar também de shampoo e condicionador e então ficaria perdida entre os produtos para cabelos secos, secos pero no mucho, oleosos total, oleosos na raiz, normais no meio & secos nas pontas, com tutano de boi, raspa de ostra, óleo de macadâmia e tudo isso para dar/tirar volume/frizz/pontas duplas/sorte na vida/no amor ou jurar que vai ficar com os cabelos da La Bundchen. Sonha, amiga. Está mais fácil morrer e nascer de novo.Exatas duas horas depois, você consegue reunir todos os míseros seis itens da sua lista e seguir para o caixa com um hematoma na coxa que ganhou de uma criança que empurrou um carrinho em cima de você. Depois acenda uma vela e dê graças a seu anjo da guarda, que isso aconteceu quando você não estava mais escolhendo um vinho, ou teria quebrado a garrafa na cabeça do fedelho e agora estaria algemada dentro do camburão.Claro que todos os caixas estão lotados, mas como agora a revista Veja não vem mais lacrada, você respira fundo, escolhe a fila pela cara das pessoas para pegar a que, aparentemente, andará mais rápido e vai logo procurando a seção de fofocas da revista porque aquilo não são horas de uma leitura séria.Infelizmente, sua percepção já não estava das melhoras, e embasbacada você assiste todas as outras filas andarem mais rápido do que a sua por vários e vários motivos, entre eles porque a fita da impressora da nota fiscal terminou e o caixa não é exatamente o mais ágil dos atendentes; porque depois a farinha de rosca do tiozinho estourou e foram buscar outra.Você, bufando mais do que um touro brabo a essas alturas, começa a pensar em maneiras de torturar a mulher da tua frente que ficou pendurada no celular e só começou a botar as compras no carrinho quando o tiozinho da farinha de rosca já estava indo embora, tchau e benção. Claro que ela também simplesmente largou o carrinho pra trás, em cima de você que, miserável, mal consegue pagar a conta quando finalmente chega a sua vez.E embora você vai, derrotada, suada e deprimida, com as compras bonitinhas na sacola retornável ecologicamente correta, xingando até a 5ª geração de todas as pessoas que anteciparam a hora da sua morte em alguns dias...